Paciente se revolta com tempo de espera em Cais e é conduzida para delegacia

Médico intervém e dá voz de prisão à mulher que aguardava atendimento. Funcionários da unidade registraram boletim de ocorrência por agressão


Uma mulher que aguardava atendimento médico se revoltou com o tempo de espera e acabou sendo conduzida à delegacia, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, após ofender uma enfermeira. Imagens gravadas por outro paciente mostram que ela se exalta com uma profissional do Centro de Atendimento Integrado à Saúde (Cais). Logo em seguida, um médico dá voz de prisão à ela (veja vídeo).

A gravação mostra a dona de casa Marcela Xavier dentro do Cais. Irritada com a situação, ela aponta para uma enfermeira e diz: “Palhaça, sonsa. É porque não é você que está doente!”. O médico plantonista entra na discussão e diz para a paciente: “Você está presa, você está presa”. A mulher responde em seguida juntando os punhos na frente do médico: “Prende, prende”.

A Secretaria Municipal de Saúde de Valparaíso de Goiás informou que o caso da paciente não foi considerado como emergência e ela esperou 1h03 pelo atendimento.

Após a confusão, a Polícia Militar foi acionada, algemou a mulher e a levou até a delegacia da cidade. O marido da dona de casa, Janailson Xavier, lamentou o ocorrido. “Meu filho também está gripado. Minha esposa está saindo dali passando mal, veio para ser atendida e está saindo presa”, disse.

O sargento da Polícia Militar, Edson Victor, afirmou que houve desacato e por isso a mulher precisou ser encaminhada à delegacia. “Deveríamos deslocar para cá com tranquilidade. Como não houve esse tratamento com tranquilidade, houve a medida coercitiva”, esclareceu.

A paciente foi ouvida pela polícia e se defendeu. “Eu estava sendo atendida quando os policiais me prenderam. Eu falei para ele que eu não tinha desacatado, que eu só queria atendimento porque eu estava doente. Ele me enforcou e eu falei para ele ‘não pega no meu pescoço que eu estou com a garganta inflamada’ e ele ‘não estou nem aí’”, relatou.

Outros pacientes e funcionários também foram prestar depoimentos. “Eu, a enfermeira, toda a equipe, os seguranças, fomos todos desrespeitados nessa noite”, afirmou o médico que deu voz de prisão à paciente, Brício Leite. Os trabalhadores da unidade de saúde registraram um Boletim de Ocorrência contra a mulher por agressão.

Depois de prestar os depoimento, a mulher desabafou. “A gente é certo, a gente procura ser honesta, ser direita, não cometer nenhum tipo de erro. A gente vai ao hospital e sai de lá algemada, isso é muito triste”, coementou.

O G1 tentou entrar em contato com o delegado responsável pelo caso, mas ele não foi encontrado até a publicação desta reportagem. Os agentes de polícia da delegacia não souberam informar se a paciente estava ou não presa.

A legislação brasileira prevê que qualquer cidadão pode dar voz de prisão quando perceber que um crime está sendo cometido. Mas isso não quer dizer que a prisão será consumada.

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